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UFAM RETIRA VÍDEO DE DISSERTAÇÃO DE PAULA LITAIFF CONTESTADA POR LIDERANÇAS INDÍGENAS DO PARQUE DAS TRIBOS

Atualizado: 26 de jun.

Decisão atende pedido da defesa de Ismael Munduruku e minimiza violações metodológicas e éticas


O Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (PPGSCA/UFAM) determinou nesta terça-feira 24/06/2025 a retirada imediata do vídeo da dissertação de mestrado de Paula Litaiff de seu canal oficial no YouTube.

Vídeo removido da dissertação de Paula Litaiff
Vídeo removido da dissertação de Paula Litaiff

A decisão, proferida pelo Vice-Coordenador do programa, Bruno de Oliveira Rodrigues, representa o ponto de partida para o importante reconhecimento institucional das falhas metodológicas e éticas apontadas pela defesa do cacique Ismael Munduruku. A medida atendeu ao pedido formulado pelos advogados indígenas Isael Munduruku e Danielle Baré, que representam Ismael Munduruku no processo de impugnação da dissertação.

Decisão do Vice-Coordenador do PPGSCA/UFAM, Bruno Rodrigues.
Decisão do Vice-Coordenador do PPGSCA/UFAM, Bruno Rodrigues.

O documento questiona a metodologia empregada no trabalho acadêmico, apontando violações diretas aos direitos dos povos indígenas do Parque das Tribos, comunidade pluriétnica localizada na zona oeste de Manaus.

"Esta decisão representa um marco importante no reconhecimento dos direitos dos povos indígenas no ambiente acadêmico", afirmou o advogado Isael Munduruku.
"Não se trata apenas de uma questão administrativa, mas do respeito aos processos democráticos de organização social das comunidades indígenas."

A retirada do vídeo é considerada uma medida cautelar enquanto o processo de impugnação segue em análise pelo colegiado do PPGSCA que se reunirá no mês de julho/2025.

A decisão sinaliza uma postura de responsabilidade institucional da UFAM diante de questionamentos fundamentados sobre a condução ética e metodológica de pesquisas envolvendo comunidades indígenas.


ENTENDA O CASO

A dissertação de mestrado de Paula Litaiff, intitulada "Violência Simbólica de Gênero no Parque das Tribos", defendida em 2025 no PPGSCA/UFAM, gerou forte controvérsia ao acusar o cacique Ismael Munduruku de supostas práticas de "violência simbólica" contra mulheres indígenas da comunidade. O trabalho foi contestado por diversas lideranças do Parque das Tribos, incluindo mulheres indígenas que afirmaram nunca terem sido consultadas adequadamente durante a pesquisa. No vídeo abaixo, Maira Mura, citada como fonte na dissertação, afirma categoricamente que "nunca disse a nenhum pesquisador que Ismael Munduruku se autodeclarou liderança", contradizendo diretamente o que consta no trabalho acadêmico.

A impugnação apresentada pelos advogados indígenas aponta diversas falhas metodológicas e éticas, entre elas:

  1. Violação do direito de consulta livre, prévia e informada, garantido pela Convenção 169 da OIT;

  2. Consulta seletiva e parcial a apenas algumas lideranças indígenas;

  3. Desconsideração da pluralidade étnica do Parque das Tribos;

  4. Distorção de depoimentos e ignorância deliberada de evidências contrárias à tese preconcebida.

O PAPEL ARTICULADOR DO CACIQUE ISMAEL MUNDURUKU

Contrariando as alegações da dissertação contestada, o cacique Ismael Munduruku tem se destacado justamente por seu papel articulador em favor das mulheres do Parque das Tribos. Sua atuação tem sido fundamental para garantir o protagonismo feminino em diversas iniciativas comunitárias.

Entre as ações lideradas por Ismael Munduruku que beneficiam diretamente as mulheres indígenas estão:

•A proposta de criação do Centro de Medicina Indígena, coordenado majoritariamente por mulheres indígenas, que preserva e valoriza os conhecimentos tradicionais de cura;

•O apoio às oficinas de artesanato que garantem autonomia financeira para dezenas de mulheres indígenas;

•A articulação política que resultou na visita da Ministra Cármen Lúcia ao Parque das Tribos, quando as mulheres indígenas puderam apresentar diretamente suas demandas;

•O incentivo à participação feminina nas oficinas de jornalismo indígena realizadas pela UFAM, sob coordenação da professora Mirna Feitoza;

•A defesa da participação igualitária de mulheres nas assembleias comunitárias e nos processos decisórios.

"A decisão do PPGSCA/UFAM de retirar o vídeo da dissertação representa, portanto, não apenas o início do reconhecimento das falhas metodológicas do trabalho acadêmico de Paula Litaiff, mas também um passo importante para a reparação da imagem de um líder indígena que tem dedicado sua vida à defesa dos direitos de sua comunidade, com especial atenção às necessidades e ao protagonismo das mulheres indígenas.

Defendeu o advogado Isael Munduruku.


Fotos/Vídeos: Kabiá.





 
 
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